Capa por Murilo Silva (Todos os direitos reservados)
Recentemente tive a honra de ter sido convidada pela UBC – União Brasileira de Compositores, para fazer um Cordel em Homenagem a Alceu Valença, que recebeu o Prêmio da entidade em 2022. Pense na responsa! Retratar a vida e a obra de uma personalidade tão relevante como Alceu foi um desafio incrível! O cordel impresso também virou vídeo, exibido na solenidade, com locução minha, trilha de Vinícius Nogal (Sanfona) e ilustrações do meu grande parceiro, Murilo Silva. A matéria sobre a noite da premiação (que você pode acessar clicandoaqui) relata que Alceu ficou “os olhos marejados” depois de assistir…! Daquelas notícias que fazem tudo valer à pena, um grande marco na minha trajetória! Partilho aqui o vídeo para que vocês conheçaam o cordel e conheçam também um pouco mais sobre a trajetória desse grande ìcone da nossa música! VIVA ALCEU!
Alguém já se arrepiou ao ver um vulto ligeiro passando do outro lado do quarto para o banheiro?
Sentiu frio na barriga quando um barulhinho ouviu? Será bicho, será monstro… um fantasma que surgiu?
As lendas assustadoras nós iremos conhecer quero ver que adivinha quem será que vai saber?
Por entre Sombras e Assombros personagens vão surgir com versinhos e as rimas ajudando a descobrir!
Papa-Figo
Velho doente e corcunda pele amarela, feridas orelhas grandes, pontudas unhas bastante compridas um saco de estopa carrega se vacilar ele pega criancinhas distraídas…
Nego d’água
É criatura robusta com sua pele escamosa com seus dentes afiados e gargalhada horrorosa mora nas profundezas no rio faz correntezas traiçoeiras, desastrosas….
Fulozinha
Uma cabocla encantada que protege a natureza seus cabelos são cipós que castigam com dureza quem maltratar a floresta com fumo e mingau faz festa responda se tem certeza!
A Mulher da Sombrinha
Ela é uma alma penada por demais misteriosa usa um vestido branco vagando, tão assombrosa a sombrinha esconde o rosto o cemitério é seu posto que moça mais tenebrosa!
Cabra-cabriola
De dia é bicho comum mas de noite é assombrado solta fogo pelos olhos com focinho esfumaçado o enxofre é seu fedor quem mal-educado for precisa tomar cuidado!
A Perna Cabeluda
Bem na calada da noite no Recife, madrugada cabeluda e fedorenta ela aparece do nada gosta de dar pontapé quem já descobriu quem é? esta assombração danada?
por Mari Bigio
O projeto Sombras & Assombros (@sombraseassombros) do designer pernambucano Thiago Lyra, apresenta lendas famosas em Pernambuco, através de um kit-livro com Teatro de Sombras. A partir dos personagens do kit (inspirados em xilogravuras!), escrevi esses versinhos em Cordel, para apresentá-los às crianças!
Silhuetas do Kit Sombras & Assombros – de Thiago Lyra
Caro e respeitável público Nós já vamos começar! O Cordel pede licença Quer sobre o Circo contar A maravilha da arte Que no mundo, em qualquer parte Sabe a todos encantar!
A sua origem remonta Aos números de equitação E lá no século dezoito Na Inglaterra de então Um militar reformado Com seu cavalo treinado Criou a exibição
Mudou o formato da pista Pois o espaço circular Facilita o movimento Pro cavalo se amostrar Cobrando ingressos na entrada E o povo na arquibancada Aplaudia sem parar
O tal Astley criou (e funcionou de verdade) Um novo tipo de show Rodando várias cidades E além da equitação Botou na programação Números de variedades
Mas se voltarmos mais longe Na história da humanidade No tempo dos Faraós No Egito, na antiguidade Números de força e destreza E o equilíbrio, a proeza Traziam felicidade
O público, a realeza Todo mundo se encantava Nas porcelanas chinesas Esta cena se estampava E mesmo na Antiga Grécia A arte da peripécia Aos poucos já se espalhava….
O nome Circo deriva Do Circus Maximus de Roma De antes mesmo de Cristo Vem do Latim, o idioma Uma Arena pra corridas E outras coisas divertidas Que muitos séculos já soma
E no Século dezenove O tal Circo aqui chegou O terreno era propício Pelo Brasil se espalhou A população Cigana Que andava em caravana Do Circo se apropriou
Mas foi só no século vinte O auge do picadeiro O Circo enfim conquistou Plateias no mundo inteiro Artistas, pra fazer fama No canto ou no melodrama Iam pro Circo primeiro
Os grandes grupos locais Pelas famílias formados Rodavam pelo país Por todo canto aclamados O Circo tradicional Era um show sensacional Com artistas estimados
O Circo então fez escola Muitos artistas treinou Mas com a televisão Que se popularizou O Circo e o seu fascínio Aos poucos teve um declínio Por pouco não desmontou
Também se atualizou Não usa mais animais Apenas a força humana Com recursos visuais Figurinos e cenário Tradicional, visionário Com enredos geniais
A Lona tem resistido Quando se fura, remenda O Circo é lugar de arte E de poesia tremenda Com Palhaços, Trapezistas Atores, Equilibristas Uma junção estupenda
Eis que o Circo está na rede Também na televisão Mistura tantas linguagens E vive a renovação Mesmo em tempos adversos Ocupa espaços diversos Sobretudo o Coração!
A canção Bode Julião é baseada numa história verdadeira, de um bodinho de estimação muito querido, divertido e cheio de personalidade! Ele partiu antes da hora, deixando muitas saudades. Essa música foi feita em sua homenagem , e também na intenção de abordar o tema da morte de forma leve e poética. A arte é um dos caminhos possíveis para ajudar as crianças a lidarem com emoções difíceis, perdas e frustrações. Adultos, ou melhor, crianças crescidas, também vão se emocionar com essa linda história em forma de canção!
Clipe da canção Bode Julião, de Mari Bigio, feito em pareceria com Anima Cordéis.
Composição e voz: Mari Bigio Sanfona: Vinicius Nogal Percussão: Milla Bigio Baixo e Guitarra: Sam Nóbrega Produção Musical: Sam Nóbrega Gravação, Mixagem e Masterização: Castanha Estúdios Animação: Ivan Augusto – Anima Cordéis
Do Álbum Cordéis e Canções para Pequeninos Corações, Mari Bigio, 2022.
Bode Julião (Mari Bigio)
Lá no Sítio de vovô Tinha sapo e lagartixa Tinha vaca, tinha porco E um bode de barbicha
Tinha vaca, tinha porco E um bode de barbicha
Era um bode diferente Se portava como um cão Batizei esse bodinho O seu nome Julião
Batizei esse bodinho O seu nome Julião
(Refrão) Ái que saudade Que saudade bate no meu coração Ái que saudade Que saudade do meu Bode Julião (2x)
Lá no Sítio de Vovô Um barreiro de água fria E o bode na porteira Trabalhando de vigia
E o bode na porteira Trabalhando de vigia
Com um chocalho no pescoço Avisava ao chegar perto Dava um salto sobre o muro Pra dizer “tá tudo certo”
Dava um salto sobre o muro Pra dizer tá “tudo certo”
(Refrão) (2x)
Lá no Sítio de Vovô Acendi uma fogueira Pra lembrar de Julião Meu bodinho de primeira
Julião tá lá no céu Julião virou estrela…
(Refrão) Ái que saudade Que saudade bate no meu coração Ái que saudade Que saudade do meu Bode Julião (2x)
Dia 18/04/22 tem lançamento do Álbum Cordéis e Canções para Pequeninos Corações, de Mari Bigio! Para vocês já irem sentindo o clima, estão disponíveis as ilustrações do Bode Julião, que dá nome a uma das faixas musicais do CD, e também o passarinho, que remete às Adivinhas Passarinhas, uma das faixas em cordel do CD. Podem baixar, imprimir e se divertir! As Ilustrações são de Ivan Augusto – Anima Cordéis.
Como parte das celebrações dos 10 anos do Cordel Animado (que soprou as velinhas em Março de 2022) o nosso parceiro Ivan Augusto, do Anima Cordéis, preparou nossas bonequinhas em preto e branco, para a criançada imprimir, colorir e se divertir!
Saci perêrê já vi Pular de uma perna só Mas uma historia que ouvi Fala em coisa bem pior! “Criança muito abelhuda chama a Perna Cabeluda” Ralhou comigo a vovó!
A tal Perna Cabeluda Era uma assombração Que andava pelo Recife E virou uma atração O rádio noticiava Todo mundo acreditava Era grande a confusão!
Contaram que uma vez Um rapaz que era vigia Levou um chute da Perna E viveu uma agonia Foi parar no hospital Sentiu dor e passou mal Chamou Jesus e Maria…!
Uma perna sem o corpo Mas que coisa tão estranha! Ela era tão ligeira De agilidade tamanha Que ninguém lhe alcançava A Perna sempre escapava Tal era a sua façanha!
Fui pra cama aquela noite Pensando na história antiga E sentindo um desconforto Como um frio na barriga Minha vó me confessou Ser mentira o que contou Mas fiquei com a intriga….
Eu deitada, bem quieta Fui começando a dormir Então veio o pesadelo… Quando meus olhos abri Lá estava, bem graúda A tal Perna Cabeluda Da história que eu ouvi!!!
Eu estava lá sozinha Sem ninguém pra ajudar E na minha direção Veio a Perna a pular Eu sai dali correndo Mas que pesadelo horrendo! E comecei a gritar
E a Perna então parou Ficou na ponta do pé Foi aí que eu senti… O fedor do seu chulé No chão feito de areia Escreveu com letra feia Com seu dedo fez: “Pelé”
“Eu só posso estar sonhando!” Eu pensei naquela hora A Perna continuou Que será que vem agora? Desenhando com a sola A perna fez uma bola E eu disse: ora, ora!
Como em sonho pode tudo Eu virei logo um goleiro Vinda da imaginação A bola chegou ligeiro A Perna veio faceira Botou tênis, caneleira Deu um chute, bem certeiro!
Eu pulei gritando gooool! A Perna comemorou E aquela tabelinha Muito tempo demorou Foi desse jeito medonho No mais esquisito sonho Que a Perna se apresentou!
Eu contei pra minha avó Assim que nasceu o sol Ela ria de chorar E dobrava o meu lençol A tal Perna Cabeluda Só queria mesmo ajuda Pra jogar seu futebol!
Assista agora o vídeo do Cordel Animado no Youtube!
“Eu convido o leitor A comigo passear Pelas ruas da cidade Das mais belas que hoje há Aprendendo sobre a fauna E a flora deste lugar
Alguém pode questionar: “Fauna? Flora? Como assim?” Numa tão grande metrópole? É verdade, creia sim! Que a natureza resiste Aqui no Recife enfim.
Veja a praia por exemplo Que belezura este mar! Aratus, Siris e peixes Que habitam nesse lugar Tem também os arrecifes O tubarão a nadar…
Fora esse tubarão… Ah! É muito bom curtir Uma praia, um Solzinho Mas antes, melhor ouvir: Tudo isso permanece Se a gente não poluir!
Não jogar lixo na água Não jogar lixo n’areia Coisa de gente educada E que não faz coisa feia …e se vir alguém sujando Pegue esse cordel e leia!
Podemos continuar? Adeus à praia então Vamos agora ao mangue Que do mar é o coração Muitos bichos vêm aqui Buscando a reprodução
Há conchas e caranguejos Vegetação do alagado Um lamaçal de riquezas Muito daqui é tirado E vai direto pra mesa, Então merece cuidado!
É preciso sim, zelar! Nunca, nunca destruir Quando chagarem aqueles Que quiserem construir E aterrar o nosso mangue Não podemos permitir!
Saindo da lama boa Os Rios vamos seguir Às margens do “Cão Sem Plumas” Sentindo a vida fluir Vemos no Capibaribe Um pescador refletir
É dali que ele retira Seu sustento pra viver… Ele vai levando a rede, Traz os peixes pra vender, E assim, com esse dinheiro, Ele compra o que comer
Sabemos que o rio é vida Então vamos conservar Não só o Capibaribe, Beberibe preservar E ainda tantos outros Que não dá para contar!
E os parques e as praças, Você já parou pra ver? Nesses lugares achamos Belas árvores para encher De sombras a vida quente Que a gente costuma a ter
E no verde dessas praças Nós iremos encontrar Insetos e passarinhos Que têm asas pra voar E levam as suas vidas Sempre a cantarolar
Já que falamos em verde Você viu o Baobá? Uma árvore bem grande Não há como não notar Tem na praça da república Pra quem quiser visitar
E há outros Baobás Espalhados na Cidade No Jardim do Baobá Ele é a celebridade Evocando nossa história E nossa ancestralidade
O Baobá é tombado Sabe o que quer dizer? Que foi criada uma lei Que o pode proteger Seria bom se essa lei Pudesse então se estender…
Abarcar todo o Recife E toda a sua natureza Protegendo fauna, flora Mantendo a sua beleza Conservar esta cidade É nossa maior certeza
Que agora nós comecemos A zelar pelo ambiente Da nossa cidade bela Que é bem mais inteligente Porque se cuidarmos dela Nós vamos cuidar da gente!!!”
por Mari Bigio
“Um passeio ecológico pelo Recife” foi um dos primeiros cordéis infantis escritos por Mari Bigio em 2007. O texto fez parte da coletânea Arrecifes de Cordel, da Prefeitura da Cidade do Recife, e recentemente foi tranformado em vídeo pelo projeto Cordel Animado, parceria de Mari Bigio com a sua irmã, Milla Bigio. Este cordel exalta as belezas naturais que resistem em meio à metrópole, convidando os espectadores para olharem a cidade com mais sensibilidade e afeto.