
não reproduza sem autorização.
Caros leitores e ouvintes
De toda América Latina
Que na Jornada me escutam
Minha verve pura e fina
Vem saudar o centenário
De um pensador visionário
Que até hoje nos ensina
Nos meus sonhos de poeta
Eu encontro as entidades
Os heróis, as heroínas
Tão cheios de qualidades
E os mártires da nossa história
Cujo o legado e memória
Transformam realidades
Num desses encontros míticos
Um sábio me visitou
Homem culto, muito simples
Junto a mim devaneou
Sobre o presente nefasto
Que sobre o solo tão vasto
Deste país se instalou
Era ele Paulo Freire!
Patrono da educação!
Cujas obras e os estudos
Promovem libertação
Mudando a pedagogia
Buscando a filosofia
Também conscientização
Não me sinto anfitriã
A altura deste evento
Pois receber Paulo Freire
Ainda que em pensamento
Honraria sem igual
Por demais fenomenal
Sem qualquer planejamento
Foi quando ali aprendi
Que também posso ensinar
Que todo encontro é de troca
E me permiti sonhar
Pois sua sabedoria
Era doce, não feria
Com afeto ao partilhar
Ao opressor não importa
A nossa emancipação
A Cultura do Silêncio
É a que lhe dá razão
Educar é libertar
Refletir e questionar
Mais que alfabetização
É na indignação
Que se faz a ruptura
Somos todos os sujeitos
Fazedores de cultura
Atuamos como seres
No vai e vem dos saberes
Aprendizagem mais pura
Mesmo alfabetização
Precisa ser popular
Levar em conta o contexto
Do sujeito e do lugar
Com princípios progressistas
E anticolonialistas
Para revolucionar
A mercantilização
Que à escola privatiza
Só nos tolhe ainda mais
Opressão que se enraíza
Que diminui, que rotula
Que não expande e modula
Ao que o Capital precisa
Se hoje estamos reféns
De um desgoverno tão vil
Lá no passado fizemos
Uma educação servil
Que decorava e engolia
Uma escola que punia
Com a palmatória viril
A Escola deve ser
Democrática, acessível
Também publica e gratuita
Sem a classe como nível
Que difere a qualidade
Afeita à diversidade
De maneira indiscutível
No fim da reunião
Eu ‘inda pude escutar
Paulo Freire me falando
Sobre o verbo esperançar
Que é mover-se pra mudança
Aliada à esperança
Pra muito além de esperar
Ele sorriu e me disse
Em tom bastante otimista:
“Que alegria conhecer
uma mulher cordelista
se educação é a cura
é mesmo a Literatura
que nos trará tal conquista…
o Ato de ler é tão nobre
e a poesia é tão singela
arte de dizer o mundo
como um pintor faz na tela
a palavra é o pincel
e estas rimas em cordel
são as cores da aquarela!”
Eu me vi emocionada
E não queria acordar
Mas lembrei-me da lição
Sobre o verbo esperançar
Eu devo estar bem desperta
Com meu coração alerta
Ideais a me guiar
Que sejamos freirianos
Em prol da nossa nação!
Que transformemos o mundo
Através da Educação!
Que o sonho seja o motor
A cultura o condutor
Destino à Libertação!
Por Mari Bigio, em Setembro de 2021. Cordel feito especialmente para o Ato Político e Cultural em Homenagem ao 100 anos de Paulo Freire, à convite da CNTE.
Lindo cordel!! Viva Paulo Freire!!!
Obrigada! Viva!!!