A Peleja entre o Sujo e o Mal Lavado
A Peleja é uma Briga!
Quem me lê que não se apresse…
Essa briga é diferente
E nem de tapa carece
É uma luta bem poética
De conteúdo e de estética
Quem vence é porque merece
*
Uma Peleja acontece
Com dois tipos, lado a lado
Pode a briga ser tão feia
De alguém ter um “pé quebrado”
Calma, que esse pé que eu falo
É “pé de verso”, com calo
Feio e desmetrificado
*
O Sujo e o Mal Lavado
Vêm pra exemplificar
Ensinar neste cordel
Que danado é pelejar
E a arma vai ser a rima
Quem será que sai por cima?
Quem será que vai ganhar?
*
SUJO
Vou logo me apresentar
Sei que vou causar ciúme
O meu “cheiro natural”
É cheirinho de perfume
Mas o tal do mal-lavado
Tem um cabelo ensebado
É fedido e não assume!
*
MAL LAVADO
Pelo menos meu costume
É sempre tomar um banho
Só não molho meu cabelo
Pois assim eu não assanho
Pior tu, que nesse mês
Só tomou banho uma vez
E tem um fedor tamanho!
*
SUJO
Pois eu falo e não me acanho
Você tem muito chulé!
E de que adianta o banho
Se você não lava o pé ?
Passo talco todo dia
E não vivo essa agonia
Pois não sou um zé mané!
*
MAL LAVADO
Aqui ninguém bota fé
Nem ouve tuas besteiras
Bem pior que ter Chulé
É ser o Rei da Nojeira!
Pois não há desodorante
Pro fedor horripilante
Dessa tua suvaqueira!
*
SUJO
Eu vi no meio da feira
Uma moça desmaiar
Quando chegou bem pertinho
Foi pensando em te abraçar
Sentiu fedor de ticaca
E caiu feito uma jaca
Foi difícil segurar!
*
MAL LAVADO
Pois então eu vou contar
E apresento testemunha
Lembra aquela última vez
Que você cortou a unha?
Precisou foi de um serrote!
E o que caia no pote
De pronto se decompunha!
*
SUJO
Mal Lavado é tua alcunha
Faz até planta murchar!
Devido ao bafo horroroso!
De tanto “re-mastigar”
Pedacinhos de comida
Rente ao dente apodrecida
De quem não sabe escovar!
*
Não queria atrapalhar…
Mas no meio desse embate
Chegou logo a mãe do Sujo
E ali viu tal disparate
A mamãe do Mal Lavado
Também veio do outro lado
E não houve o desempate!
*
“Oh, por favor, não me mate!”
Gritou Sujo exagerado
Sua mãe com uma mangueira
E um sabonete embrulhado
“Água não vai te matar!
Venha logo se banhar
Seu menino malcriado!”
*
E também o Mal Lavado
Inconsolável chorava
Sua mãe não fez por menos
Pelo seu filho berrava
Com uma esponja na mão
Pedra-pomes, escovão
E um balde que transbordava!
*
A Peleja ali findava
Quem ganhou eu já não sei
O Sujo tomou seu banho
Pois Mãe é quem faz a Lei
E até mesmo o Mal Lavado
Hoje é bem-apessoado
E do perfume é o Rei
*
Esse Cordel que contei
Foi só para apresentar
O tal gênero da Peleja
Da Poesia Popular
Que é um combate sem ringue
Da Paz que nunca se extingue
Só pra gente gargalhar!
Mariane Bigio, Novembro de 2016
Mari….. adoro seus escritos!!! Parabéns, sua poeta linda!!!
Parabéns!! pelo poema. Meu filho e eu rimos muito interpretando o sujo e o mal lavado respectivamente.
Ah, que legal! Obrigada!
Queria ouvir este cordel! Ninguém anima de cantar e colocar ele disponível pra gente?