Cordel feito para o projeto pedagógico do Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas), em congruência com a exposição “Capibaribe, meu Rio”, que traz belíssimas imagens, vídeos, textos e instalações sobre o Capibaribe. Durante o projeto, alunos das escolas públicas e particulares da região puderam visitar e conhecer o Forte, visitar a exposição e assistir à apresentação do Cordel “Rio das Capivaras”, com Mariane e Milla Bigio (Cordel Animado), além de levar para casa o Cordelzinho com ilustrações para colorir (assinadas por Emerson Pontes). A protagonista da história é a Dona Capiba, uma Capivara habitante do Rio e preocupada com a degradação ambiental.
“Com licença minha gente!
Vou contar uma história!
Dessas pra se ter na mente
para guardar na memória
neste cordel que se exibe
falo do Capibaribe
rio tão cheio de Glória
Mereceu dedicatória
na poesia de Bandeira
João Cabral de Melo Neto
Dedicou-lhe história inteira
E quem é de Pernambuco
E tem sangue Mameluco
Lhe tem paixão verdadeira
Um dia andando na beira
Desse rio tão bonito
Avistei em meio ao Mangue
Um bicho meio esquisito
Um enorme roedor
Muito ágil nadador
Que quase não acredito!
E o bicho deu um grito:
“Mas isso não é possível!
Outra vez jogaram lixo!
Oh, mas que fedor terrível!
É pior que meu chulé
Nem posso lavar meu pé
Com essa sujeira horrível”
E pensei, que coisa incrível!
Mas que bicho inteligente!
Como será o seu nome?
Não está muito contente
Será que é um porquinho?
Ou um tipo de ratinho?
olha como usa o dente!
Cheguei toda sorridente
Perguntei: “Quem é você?”
“Eu sou a Dona Capiba!”
Ela veio responder
“Eu sou uma Capivara
Sou espécie quase rara
Tentando sobreviver”
E lhe perguntei: porque?
E ela então me respondeu:
“É só olhar ao redor
Veja o que aconteceu
Com toda essa nojeira
Da minha família inteira
Por aqui só restou eu!”
“O resto se escafedeu
Tem gente no Pantanal
E até lá no zoológico
E eu aqui, no manguezal
Tentando salvar o Rio
Vivendo esse desvario
Me alimentando tão mal!”
“Eu gosto de vegetal
As plantas são meu manjar
Não vê esse meu corpinho?
Nem preciso me esforçar!
Mas com a poluição
Eu fico sem refeição
Desse jeito assim não dá!”
E ouvindo ela falar
Eu prestei mais atenção…
O Capibaribe é lindo!
Do Recife o coração!
Entrecortado por pontes
Vem da linha do horizonte
Surgindo na imensidão…
Ele vem lá de Poção
Onde fica a nascente
Desse rio que percorre
Com suas águas correntes
Agreste e Zona da Mata
Com sua beleza exata
Junto aos rios afluentes
Chega ao Litoral contente
Por poder alimentar
Marisqueiras, pescadores
Com seus peixes a nadar
E aqui o Capibaribe
Encontra com o Beberibe
Para se entregar ao mar!
Comecei a relembrar
Essa bonita paisagem
Dos barcos que aqui navegam
Das garças em suas margens
Seu cais abraça a cidade
E este abraço é na verdade
A mais bela das imagens!
“Outros animais selvagens
Aqui constroem abrigos…”
Continuou Dona Capiba
Falando dos seus amigos
“Caranguejo, aqui na lama
Chico Science lhe deu fama!”
Brincava ela comigo!
“Eu sou bicho muito antigo!
Sabe o que significa
O nome Capibaribe?
O nome é uma rubrica
Pra “Rio das Capivaras”
Somos espécie cara
Dessa fauna muito rica!”
Dona Capiba me explica
Que o rio banha também
Muitos cantos do Recife
Que percorre muito além
Levando sua beleza
Através da correnteza
O seu papel cumpre bem!
Conhece como ninguém
A Várzea e a Caxangá
Derby, Madalena e Torre
Ele também vai banhar
Apipucos e Monteiro
Poço da Panela inteiro
Cabe a ele margear
Também vai alimentar
Santana e Casa Forte
Capunga e Afogados
Beijando de Sul a Norte
Os bairros dessa cidade
Forma com muita vaidade
Belas ilhas com seus cortes
Joana Bezerra é suporte
Desse Rio caudaloso
E a Ilha do Retiro
Lhe dá contorno formoso
Abriga os Severinos
As Marias, os meninos
Nosso Rio é generoso!
“E por ser maravilhoso
Temos que dele cuidar
O Rio das Capivaras
Foi feito pra navegar
E não pra jogar dejeto
Impedindo o trajeto
Maltratando este habitat!”
Eu tenho que concordar
Com o que disse firmemente
Dona Capiba pra mim
Nosso dever é somente
O Capibaribe amar!
cuidar bem e preservar
Este rio que é da gente!”
Mariane Bigio, Março de 2015.
Ficha Técnica:
Texto: Mariane Bigio
Contação de Histórias: Mariane e Milla Bigio (Cordel Animado)
Fantoches e Alegorias: Marcelo Figueiredo
Ilustração da Capa: Desenho de Fournier, no livro Invenção do Brasil (Acervo do Museu)
Ilustração do Miolo: Emerson Pontes
Prefeitura da Cidade do Recife
Secretaria de Cultura
Museu da Cidade do Recife – Forte das Cinco Pontas
museucidaderecife@gmail.com
Associação dos Amigos do Museu da Cidade do Recife – AMUC
Gerência de Educação Patrimonial
educativomcr@gmail.com
Que Cordel mais lindo Mariana! Gostaria de saber onde posso encontrar um exemplar. Parabéns!!!
AMEI ESSE CORDEL POIS TAMBÉM GOSTO DE VERSOS
E AS VEZES QUANDO ESTOU INSPIRADA CRIO ALGUMA COISA.
AMEI ESSE CORDEL POIS ESTOU FAZENDO UM TRABALHO PARA A ESCOLA E ESCOLHI ESSE TEXTO A MINHA PROFESSORA PEDIU PARA NOSSA CLASSE PARA FAZER UM CRODEL INFANTIL DE MARIANE BIGIO TENHO 08 ANOS E GOSTO MUITO DE VOCÊ MARIANE
ebaaa! obrigada!!!
Gostei