Amor Gigante – O Noivado do Menino da Tarde com A Vaidosa

E num é que eu fui convidada para celebrar o noivado de dois Bonecos Gigantes de Olinda? Pense numa honra… enoooorme! Lógico que escrevi o texto da cerimônia todo em cordel… viva os noivos!

Com licença minha gente
Permitam me apresentar
Eu me chamo Mari Bigio
Sobrenome de além-mar
Nasci pra contar histórias
Inventadas ou memórias
Da Poesia Popular

Hoje quero destacar
Honraria sem igual
De estar festejando o Frevo
Em seu Dia Nacional
E o peito chega estufado
De celebrar um noivado
Pra lá de fenomenal!

E o mais sensacional
Neste espaço de Magia:
Sublime Paço do Frevo!
Vou usar da poesia
Pois farei tudo em Cordel
Cumprindo assim meu papel
De versejar alegria

Sentimento de euforia
Como fosse carnaval
Nos toma no entardecer
Deste dia passional
Vou contar a breve história
E resgatar a memória
De um encontro magistral

Ele é herdeiro legal
De uma entidade sagrada
Do Homem da Meia-Noite
Rei da cidade encantada
Nosso Calunga Gigante
Dos bonecos comandante
Da Olinda abençoada

E da sua enamorada
De chiqueza e maestria
A mãe do noivo é somente
A diva Mulher do Dia
Eis o Menino da Tarde
Batam palmas com alarde
Que o noivo tem fidalguia!

Este príncipe da folia
Ernane Lopes criou
Pra construir o boneco
Sivlio Botelho aliou
Talento, imaginação
Recriando a tradição
Que a gente reverencia

E este noivo, quem diria
Mesmo assim sendo menino
Tem quase cinquenta anos
Com o rosto liso e fino
E com seu fraque tão raro
Agita o Largo do Amparo
No período vespertino

Pois assim quis o destino:
Paquera entre as ladeiras
E o Menino apaixonou-se
Dessas paixões bem certeiras
A Vaidosa lá no alto
Uma gigante de salto
Entre as copas das mangueiras

Nestas rimas lisonjeiras
Da noiva já vou falar
Edimilson Nascimento
Criou para desfilar
Esta boneca estilosa
Aplausos para A Vaidosa
A noiva espetacular!

Há pérolas no seu colar
E o sorriso contagia
Usa piercing no umbigo
Tem a silhueta esguia
De fibra… de vidro feita
Ela só não é perfeita
Pois já não existiria

A Vaidosa se recria
Mestre Camarão assina
Representa a liberdade
E a potência feminina
E nossos múltiplos dons
Mechas em diversos tons
Ousadia que fascina

É da cintura pra cima
Que eles chamam atenção
Mas um gigante só vive
Com alguém na condução
Pois mesmo os seus condutores
Perceberam os tremores
Daquela enorme atração

E os pés saltaram do chão
Em tesoura e dobradiça
Parafuso e o ferrolho
Que à circulação atiça
As mãos girando e rodando
Os dois enormes dançando
[Ferver tem essa premissa]

O Coração quase enguiça
Quando o olhar sedutor
Que o Menino lhe lançou
A fez sentir um torpor
A Vaidosa, de repente
Viu brotar uma semente
A raiz de um grande amor

Em meio a este furor
Que nos deu de pronto a pista
Ficou evidente o flerte
E um clima de conquista
Entre os nossos dois gigantes
De corações palpitantes
E um desejo otimista

Paixão à primeira vista
Para sempre nos lembrar
Que o afeto é o sentimento
Que é capaz de nos salvar
Do tal ódio intolerante
Que todo amor é gigante
Qual toda forma de amar!

Quando em Olinda chegar
O dia do casamento
Já tem buquê pra levar
Com a bênção e unguento
Do nosso Bloco das Flores
Que engrandece com louvores
Este fabuloso evento

E assim, neste momento
Outras bênçãos agradeço
Maestros Carlos e Oséas
Grandes mestres que enalteço
E às troças e seus brincantes
São por demais importantes
Nestes versos reconheço

E eu também não me esqueço
De evocar todo o sagrado
Energias, entidades
Pra abençoar o noivado
Em pleno Recife Antigo
Que Gigante pede abrigo
Num pé de verso rimado

Que o Amor aqui celebrado
Nos sirva de inspiração
Quando o Menino da Tarde
Ficou noivo em união
Com a vibrante Vaidosa
E a poesia fez a prosa
Com candência de canção

Que esta comemoração
De afeto em alto relevo
Seja o ecoar de um Clarim
Bravo, sonoro e longevo
Um viva ao amor Gigante
Viva o folião brincante!
Viva o Carnaval e o Frevo!

Por Mari Bigio, Setembro de 2025



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About Mariane Bigio

Poeta e Videasta. Eu faço versos como quem chora, ama, brinca, ri.... Eu faço versos como que vive.
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