Por Mariane Bigio, Julho 2020
É mesmo coisa de avó
Aquele abraço dengoso
Bolo quentinho, no forno
E um cafezinho cheiroso
É mesmo coisa de avô
Conselho sábio e certeiro
Ter memórias pra contar
Dos tempos de marinheiro
É mesmo coisa de avó
A cantiga de Ninar
A cadeira de balanço
Com histórias pra embalar
É mesmo coisa de avô
Ter um relógio que brilha
Gostar de trens e de trilhos
E de brinquedo sem pilha
É mesmo coisa de avó
Fazer costura e bordado
Guardar tecido em retalhos
Pano de prato pintado
É mesmo coisa de avô
Gostar de jogo de bola
Sentado em sua poltrona
O som do ranger da mola
É mesmo coisa de avó
Fazer os gostos da gente
Fazer remédio caseiro
Cuidar de quem tá doente
É mesmo coisa de avô
Gostar de mato e de bicho
Ser careca ou bem grisalho
Ter bigode no capricho
É mesmo coisa de avó
Relembrar, ter nostalgias
Preocupações em excesso
Também criar teorias
É mesmo coisa de avô
Uns causos de mentirinha
Carro de lata, consertos
E um bom cochilo à tardinha
É mesmo coisa de avó
Caminhar de braço erguido
Hidro, dança de salão
Fazer pirão e cozido
É mesmo coisa de avô
Lava-a-jato na calçada
Um jogo de tabuleiro
Jornal, palavra-cruzada
É mesmo coisa de avó
Cuidar de planta, de flor
Ter cheiro bom, de colônia
E um colo cheio de amor
É mesmo coisa de avós
Encher de mimo e carinhos
“estragar” de tanto dengo
amar demais seus netinhos!