Mariazinha e a Comadre Fulorzinha

CORDEL MARIAZINHA E A COMADRE FULORZINHA – ILUSTRAÇÃO: MURILO SILVA
Meu nome é Ana Maria
mas chamam Mariazinha
eu vou contar uma história
ouvi de uma tia minha
ela me disse que um dia
viu Comadre Fulorzinha!
Eu então lhe perguntei:
– Quem é essa Fulorzinha?
que eu saiba, minha tia
sua comadre é mainha!
Ela deu uma risada
disse: – Ô minha sobrinha!
– Essa comadre que eu falo
vive no meio da mata
protegendo os animais
punindo quem os maltrata
quem explora a natureza
de maneira tão ingrata!
– Ela tem cabelos longos
que vão além da cintura
é uma linda caboclinha
na mata se desfigura
só aparece de noite
tenebrosa criatura!
Ao escutar a história
eu senti enorme medo
a noite estava chegando
já não era mais tão cedo!
foi então que minha tia
me contou o seu segredo:
– Não se preocupe não!
ela não lhe fará mal
apenas nunca maltrate
nem planta, nem animal
se for andar na floresta
é bom levar um mingau!
– Mas tia, não tenho fome!
– Mas não é para comer,
querida Mariazinha!
você deve oferecer
o fumo, mel ou mingau
que ela vai agradecer…
– A Fulorzinha aprecia
sempre que é presenteada
e ajuda até quem se perde
dentro da mata fechada
ela pode ser bondosa
se não for contrariada!
Eu lembrei que muita gente
dessa nossa região
gosta de fazer queimada
pra colher a plantação
e perguntei a titia
o que aconteceria
se houvesse degradação
Ela disse muito firme:
– Se a natureza sofrer
a Comadre Fulorzinha
logo vai aparecer
sinal de sua presença
é o que eu vou te dizer…
– Ela gosta de fazer
trança em crina de cavalo!
faz um nó cego danado
impossível desmanchá-lo
se tentar tirar o nó
os dedos enchem de calo!
– Tem que ter muito cuidado
se um assobio ouvir
se for som muito longo
Fulorzinha está por vir
mas só precisa ter medo
se à natureza agredir
– Pois se alguém se aventurar
de caçar por diversão
levará uma cipoada
mais forte que cinturão
nem precisa procurar
pois jamais vai encontrar
d’onde veio o bofetão!
– Já entendi, minha tia!
já vem chegando a noitinha,
vou levar esse mingau
e seguir a minha linha
amanhã digo se vir
a Comadre Fulorzinha!