Te convido a escutar
A beleza da poesia
Do encontro entre as palavras
Com encanto e a magia
Feche os olhos e desfrute
Qual fosse uma melodia…
Sente ou deite, confortável
Respire profundamente
Inspire puxando o ar
Solte vagarosamente
Deixe que o ar penetre
E repouse a sua mente
Inspire como quem sente
Um balão se encher de ar
Expire como se fosse
Ao balão esvaziar
Deixe que o ar preencha
Ocupando o seu lugar
Comece a imaginar
Um rio, desde a nascente
Um fino fio de água
Que brota timidamente
Como lágrima da terra
Vai jorrando, displicente
O fio seguindo em frente
Cada vez mais encorpado
Vai virando um riachinho
No terreno acidentado
Há muitas plantas nas margens
O Sol deixa o ar dourado
Vai ficando acelerado
Com uma certa correnteza
As margens já mais distantes
Têm florestas, que riqueza!
São árvores bem frondosas
Carregadas de beleza
O cheiro é de natureza
Aquele cheiro molhado
De terra úmida e fresca
De mato aromatizado
O barulhinho da água
Toca no rio encantado
Alguns bichos, com cuidado
Bebem água na beirada
Alguns peixes nadam breves
Nesta água adocicada
Que vai ficando mais densa
E bem mais aprofundada
Muitas pedras reveladas
Um abismo se aproxima
O som fica mais potente
O Sol à pino de cima
Eis que surge a queda-d’água
Completando a obra-prima
A água cai, lá de cima
Com força e voracidade
É uma linda cachoeira..
Por conta da claridade
Um arco-íris se forma
Num prisma de majestade
As gotículas, em verdade
Parecem denso vapor
Recaindo sobre as folhas
Amenizando o calor
Refletindo a luz solar
Revelando cada cor…
Depois do enorme furor
Do rio que fez o salto
Uma bacia de água
Recebe o que vem do alto
Tem pureza cristalina
Que nestas rimas ressalto
Uma garça vem, de assalto
E leva um peixe no bico
Ouvimos na mata, ao longe
O assovio de um mico
Minúsculas rãs coloridas
Sobre as pedras… limo e visco
Tal cenário belo e rico
Pede um mergulho profundo
Vá descendo e aproveite
Toque a lama, lá no fundo
E ao voltar à superfície
Abra os olhos num segundo
Este momento fecundo
Foi bonito de sentir
Bem aos poucos, vá voltando
Respirando ao emergir
Sentindo seu corpo leve
Sentindo o sangue fluir
Você pôde usufruir
Do rio que corta os vales
Em seu leito vá boiando
Depois levante e se instale
Na margem, na calmaria
Seque ao calor do dia
E deixe que o rio fale
Que a poesia ao sonho embale
E o verso possa ecoar
Preenchendo o coração
De quem deixou-se levar
Pelo fluir das palavras
Do Cordel pra Meditar.