Uma vez perguntei – tive a honra – pra Viviane Mosé : Por que que a gente fala tanto da palavra, da poesia em si e do ato de escrever? Por que tanto metapoema? Ela disse que é isso mesmo, poeta, escritor, tem dessas coisas, de falar sobre seu ofício, que é sua vida e pronto.
Aqui vai uma série de metapoemas metidinhos a “grands coisa”.
pra começar, um aviso:
Palavras soltas ao vento
mas que besteira
faço poesia
e não poeira.
e agora, sobre inspiração (embora eu acredite também na transpiração):
engraçada essa coisa de inspiração
– instantânea –
ontem
dispersa
rabisquei em qualquer canto
na pressa
não notei…
escrevia no verso
d’um poema já impresso
ou melhor, expresso.
um verso avesso do outro.
é como a poesia me é, agora:
de todos os lados de mim.
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Yoga
(puxa bem forte pra dentro do peito
e solta pela boca)
inspira
expira
mais uma vez:
inspira
expira
de novo:
inspira
expira
novamente:
inspira
expira
é uma verdadeira yoga,
essa coisa de fazer poema.
é isto, desisto:
há muito desisti da palavra
expressar o que sinto
minto:
resisti à palavra
incrédula, desconfiei de seu poder
de seu potencial
enfim, revesti a palavra.
nova, recosturada
me vesti da palavra
escrevi, escrevi.
e assim
sucumbi à palavra.
quando, por fim, entendi,
eu era a palavra
me apaguei.