
Era uma certa vez
Uma bonita princesa
Filha de um Rei corajoso
E digno da realeza
Sua mãe, uma Rainha
Também cheia de beleza!
Seu pai tinha uma certeza
Sua filha preciosa
Tinha nos olhos magia
Magia bem poderosa!
De transformar o que é triste
Em coisa maravilhosa
A tal princesa formosa
Na Natureza vivia
Brincava com passarinhos
Com flores se divertia
O rugido do Leão
Era pra ela canção
Carregada de energia
A menina todo dia
Punha seu belo vestido
Com brilho e bastante cor
Laço de fita e tecido
Ouvindo som de tambor
Dançava cheia de amor
Seu batuque preferido
O tum-‐tum-‐tum era ouvido
Sempre nos dias de festa
Quando nascia um bebê
Ou pros deuses da floresta
E até quando alguém morria
Pois todo mundo sabia
Que o Céu é o que nos resta
Com a coroa na testa
A princesa se deitou
Acordou com gritaria
De salto se levantou
Fogo queimava na mata
Logo, logo se alastrou
Lá de longe ela avistou
Seu povo sendo refém
Até o Rei fora preso
Não restaria ninguém
Ela então saiu correndo
E foi logo se escondendo
Pra não ser presa também
Em Navios, muito além
Lá na praia ancorados
O seu povo, a sua corte
E seus pais foram levados
Sumiram no horizonte
E lá do alto do monte
Muito choro derramado
Com o coração apertado
A princesa foi à mata
E pediu para morrer
Pois a saudade maltrata
Com duas mãos agarrada
Numa árvore sagrada
Chorou lágrimas de prata
E a magia foi exata
Do jeito que o Rei falou
Quando a lágrima caiu
E solo se encharcou
A árvore abriu a boca
E com voz rouca falou:
“O teu pai te abençoou
Tens a magia divina
Se hoje você chorou
Não vais mais chorar, menina!
E um dia tua sina
É viver um carnaval
A potência feminina
Vai enfrentar todo mal!
Serás Calunga real
Uma boneca encantada
O cortejo imperial
Fará pra ti batucada!”
Ê calunga, minha princesa A boneca levantada
Ê Calunga, minha princesa Coroando a Batucada
E o batuque que a princesa
Se alegrava ao escutar
Tocou forte no seu peito
Fazendo o choro parar
A tristeza foi embora
E a alegria agora
Chegava para ficar
Começou se transformar
Numa boneca de cera
Calunga negra e bonita
Também feita de madeira
Que até hoje é levantada
Vem reinando a batucada
E da corte é a primeira!
Do dia de Zé Pereira
Até o fim da folia
Quando tem Maracatu
Alfaias em euforia
Lá vem aquela princesa
Que não perde a realeza
E nos enche de alegria
O ritmo contagia
Faz todo mundo dançar
Maracatu vem de África
Veio nas ondas do mar
Princesa virou Rainha
E a sua alma inteirinha
Vive a sorrir e cantar
Ê calunga, minha princesa….
Por Mari Bigio